segunda-feira, 24 de março de 2014

RESENHA DE LIVRO – O PODER DOS QUIETOS


A primeira coisa que chamou minha atenção quando eu retirei este livro das prateleiras e o segurei entre meus dedos, foi seu resoluto subtítulo: “Como os tímidos e introvertidos podem mudar um mundo que não para de falar”. Imediatamente pensei se tratar de mais daquelas embromações, escrita por algum guru distinto, que trás lições elaboradas e incontestáveis de como ser feliz ou ter sucesso na vida. E embora eu desconfie desse tipo de fórmulas prontas, pensei que o livro seria legal, porque eu teria uma chance de me auto avaliar e ver o quanto havia conseguido evoluir naquilo que considerava o meu mais temeroso defeito: a timidez.

E a primeira bofetada que recebi, já nas primeiras páginas deste excelente “O Poder dos Quietos”, o qual eu me atrevo á elevá-lo ao status de bíblia dos introvertidos, é que timidez e introversão são duas condições absolutamente distintas; que não há uma definição geral entre os doutores da psicologia para introversão e extroversão; que eu estava de posse de um manifesto de ideias, capazes de me mostrar que existem qualidades e virtudes na introspecção, as quais eu não via porque aprendi a apreciar somente aquilo que o mundo determinista ditava como regra para o sucesso: a capacidade de ser extrovertido.
Sim, o subtítulo da obra é pretensioso e bonitinho, do tipo que promete felicidade moldada numa forma. Provavelmente foi inspirado segundo os critérios do bom marketing de vendas. Mas seu conteúdo é versado, impecavelmente construído por meio de infindáveis pesquisas sobre razões, consequência e as diferenças entre extrovertidos e introvertidos. Esse fato foi a segunda bofetada, a que me mostrou o quanto meu temperamento é o de um genuíno introvertido. Mesmo após anos trabalhando para melhorar isso em mim, simplesmente por achar inadequado, ainda continuo afeiçoado ás características dos ensimesmados.

A autora Susan Cain (que intitula á si própria como introvertida) esmiúça os mais longínquos e inusitados resultados obtidos através de estudos científicos, psicológicos e psicanalistas, e nos faz um resumo sobre as vantagens e desvantagens, não somente dos introvertidos, mas também dos extrovertidos. Susan vai atrás dos mais distintos assuntos, como testes de polígrafos, comentários sobre rubor facial, teoria do situacionismo, conceitos de automonitoramento, enfim, ela se mostrou uma mulher engajada na luta por encontrar explicações que pudessem esclarecer o porquê do favorecimento coletivo aos descolados.
Eu achei demais aprender sobre mim mesmo, através das páginas desse livro.

Mas talvez a grande lição que podemos extrair desse ótimo trabalho, é que a sociedade precisa de sua variabilidade, e que este livro é, na verdade, um importante guia para ajudar a nos aproximar um pouco mais de nosso temperamento.
É leitura gostosa, essencial, e por que não dizer, de fundamental teor didático.

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